Registos das comemorações do Centenário do abastecimento de água a Braga a partir do Cávado

Decorreu, nos dias 5, 6 e 7 de setembro de 2013, a comemoração dos 100 anos da elevação da água do Cávado para abastecimento à cidade de Braga, uma iniciativa da associação KATAVUS em parceria com a AGERE-Empresa Municipal de Água, Saneamento e Resíduos do Município bracarense.
O programa distribuiu-se pelos 3 dias, da seguinte forma:
Dia 5 (5ª feira), 21.30h: Abertura; “Perspetiva histórica do abastecimento de água à cidade de Braga”, pela Professora e Arqueóloga da Universidade do Minho, Manuela Martins; “ A cidade de Braga em 1913. A importância do abastecimento de água. Como viram os Bracarenses a inauguração do abastecimento de água em 1913”, por Joaquim da Silva Gomes, historiador e professor da Escola Secundária Sá de Miranda; “A AGERE”, por Nuno Alpoim, presidente do Conselho de Administração da empresa municipal.
Dia 6 (6ª feira), 21.30h: “O centenário de um serviço: a central da Ponte do Bico e o abastecimento à cidade de Braga”, por José Manuel Lopes Cordeiro, professor da Universidade do Minho; “Sustentabilidade da água”, por Narciso Braga, da QUERCUS.
Dia 7 (sábado), 9.30h: Visita guiada às antigas e atuais instalações da Central Elevatória da Ponte do Bico
Depois da abertura da sessão, a cargo do presidente da Direção da KATAVUS, Manuel Duarte, e do presidente do Conselho de Administração da AGERE, Nuno Alpoim, a professora Manuela Martins, da Unidade de Arqueologia da UM, abordou a temática do abastecimento de água à cidade de Braga nos períodos romano e medieval, referindo os vestígios existentes de monumentos pré-romanos e romanos. Referiu-se, depois, ao modo como se estruturava esse abastecimento nos séculos XVI, XVII e XVIII, bem como aos locais de captação já na idade moderna. Analisou ainda os contributos de vários arcebispos de Braga na área do abastecimento de água ao longo desse período, designadamente o de D. Rodrigo de Moura Teles na origem do sistema hidráulico moderno das Sete Fontes. A este propósito, frisou ser necessário fazer o estudo arqueológico das Sete Fontes, que ainda não existe.
O investigador Joaquim Gomes centrou a sua intervenção na caracterização da cidade e do concelho de Braga, há cem anos, e no impacto, junto da população, da nova captação para abastecimento de água. Salientou também o importante papel do Dr. Domingos José Soares, presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal que deu início à obra.
Encerrando o primeiro dia de trabalho, o presidente do Conselho de Administração da AGERE (herdeira do sistema de captação e tratamento da água do Cávado para abastecimento à cidade de Braga), Nuno Alpoim, referiu-se ao trabalho desenvolvido pela empresa municipal ao longo da sua existência, e aos resultados alcançados na melhoria da qualidade dos serviços prestados, tanto no setor da água, como nos do saneamento e dos resíduos. Defendeu o modelo de participação dos privados no capital e na gestão da empresa municipal, mas sempre com o controle por parte do estado.
No segundo dia de comemorações, a abertura dos trabalhos coube a Nuno Ribeiro, Administrador da AGERE e a João Gomes, membro da Direção da KATAVUS.
Seguiu-se a intervenção de José Lopes Cordeiro, professor da UM, que tem em conclusão uma monografia sobre o centenário do abastecimento de água a Braga a partir do rio Cávado. A sua comunicação começou por analisar as dificuldades que existiam, já no século XIX, para melhorar o abastecimento de água à cidade de Braga, dificuldades, essencialmente, de ordem financeira. O sistema das Sete Fontes mostrava-se insuficiente para as necessidades e a escassez de água nos chafarizes e fontes preocupava os responsáveis municipais. Procuravam-se, por isso, novos mananciais de água e impunha-se o aumento dos caudais. Sucessivos projetos não foram concretizados, devido, principalmente, a falta de recursos financeiros. Só no mandato da Comissão Administrativa Municipal presidida pelo Dr. Domingos José Soares foi possível solucionar o problema, recorrendo a um empréstimo de 220 contos. A escolha do local de captação, na Ponte do Bico, foi do Engº Von Haffe, autor do projeto.
A última comunicação, sobre a sustentabilidade da água, esteve a cargo de Narciso Braga, membro da QUERCUS, que apresentou dados objetivos sobre a escassez de água e a necessidade de diminuir o seu desperdício. Abordou ainda os temas da poluição, do ciclo urbano da água e da compatibilização entre a restrição de água e o direito humano de acesso a esse bem essencial.
O programa do terceiro e último dia de comemorações consistiu numa visita guiada à ETA da Ponte do Bico, em Palmeira. Tratou-se de uma visita guiada muito especial, já que os “cicerones” eram Técnicos da AGERE com muitos anos de conhecimento, os Engºs Mário Araújo e Eli Costa, bem como a diretora do laboratório de controle de qualidade da ETA, que responderam a perguntas colocadas pelos visitantes e esclareceram as suas dúvidas.

De lamentar a falta de participação de entidades locais que muito teriam a aprender, por certo, com estas jornadas, e cuja presença honraria os organizadores.

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